A pesquisa de requerimentos na Agência Nacional de Mineração identificou
que outras das maiores mineradoras do mundo também estão interessadas na
exploração de Terras Indígenas na Amazônia. São elas a Glencore, a AngloGold
Ashanti e a Rio Tinto. Apesar do número de processos no nome delas ser
relativamente baixo, a existência desses requerimentos já indica o interesse
dessas empresas e a ameaça que elas representam, caso a tramitação de projetos
de leis como o PL 191/2020 dê sinais de avanço.
Até 5 de novembro de 2021, a suíça Glencore possuía três requerimentos
minerários ativos na ANM com sobreposições em Terras Indígenas do Pará
para exploração de ouro e cobre. Os pedidos sobrepõem às Terras Kayapó
e Xikrin do Cateté, já altamente impactadas pela atuação da Vale. Além
disso, a Glencore tem expandido seus interesses pelo Brasil,
recentemente se tornando a principal acionista da CSN Mineração,
uma das principais companhias de exploração de minério de ferro no país.
De forma similar, a sul-africana AngloGold Ashanti tinha três
requerimentos para pesquisar ouro, também nas terras dos Kayapó no Pará.
Há quase 200 anos operando no Brasil, sobretudo em Minas Gerais, a
empresa é conhecida pelos recorrentes casos de trabalhadores que sofrem
as consequências da silicose em seus pulmões por trabalharem sem
qualquer proteção em suas minas. Na Colômbia, a AngloGold é acusada por
comunidades indígenas de usurpar parte do seu território, não
consultá-los sobre as operações e ameaçar aqueles que se opõem aos
planos da mineradora.
Já a australiana Rio Tinto possui 14 requerimentos minerários ativos
na ANM para a exploração de alumínio e minério de alumínio com
sobreposições nas Terras Indígenas Rio Parú D’este, Kaxuyana-Tunayana
e Zoe, todas no Pará. A mineradora coleciona violações de direitos dos
povos originários na Austrália. Em 2020, a empresa destruiu locais
sagrados para os povos tradicionais como cavernas milenares localizadas
em Juukan Gorge, datadas de 46 mil anos, durante o projeto de expansão
da sua mina de minério de ferro.
O histórico de violações dos direitos dos povos indígenas e de destruição
da natureza que essas companhias carregam mostram claramente do que elas
são capazes.