11 requerimentos ativos no sistema da Agência Nacional de Mineração com sobreposições em duas Terras Indígenas, ameaçando os povos Juruna e Arara, além de comunidades ribeirinhas e tradicionais.
O Projeto Volta Grande é um empreendimento da Belo Sun Mineração,
subsidiária da canadense Belo Sun Mining Corp, que busca se instalar
no município de Senador José Porfírio, no estado do Pará. Caso seja
implementado, o projeto Volta Grande será a maior exploração de ouro
a céu aberto do Brasil - e o golpe final à região da Volta Grande do
Xingu no estado do Pará, já atingida pela hidrelétrica de Belo Monte.
A empresa prevê construir uma enorme infraestrutura, incluindo duas minas
a céu aberto, um aterro e uma barragem de rejeitos, a apenas alguns
quilômetros de distância do Rio Xingu. Segundo análises de pesquisadores
independentes, existem riscos concretos de rompimento da barragem de
rejeitos e do transporte de elementos e compostos químicos presentes
neles, como cianeto, arsênio, chumbo e alumínio, levando à contaminação
de todas as fontes de água da área. A mina será instalada no topo de
uma complexa rede de igarapés vitais para a vida no Rio Xingu.
Nenhum desses aspectos é devidamente tratado pela empresa em sua avaliação
de impactos ambientais, nem a relação cumulativa e sinérgica dos impactos
com Belo Monte.
A Belo Sun tenta há anos vencer batalhas judiciais e enfrenta
suspensões constantes de suas licenças em virtude das violações dos direitos
dos povos indígenas da região e outras comunidades tradicionais.
A implantação do projeto Volta Grande pode significar a morte do Rio Xingu,
o ecocídio de uma região vital para a vida na Terra. Os impactos socioambientais
diretos e indiretos do projeto Volta Grande recaem, sobretudo, sobre as centenas
de ribeirinhos, pescadores, pequenos agricultores e comunidades indígenas que
vivem na região. Além dos Juruna, Arara e Xikrin, a Volta Grande abriga muitos
povos indígenas e diversas comunidades ribeirinhas e tradicionais. Apesar do estágio
avançado do licenciamento do projeto, a maior parte dessas comunidades não foi
devidamente consultada. Assista aos vídeos da comunidade da Vila Ressaca, e da terra indígena Kuruaya
(ainda não demarcada), para entender mais sobre a luta destas
comunidades contra a mineração.
Os interesses da Belo Sun não se limitam à área hoje sujeita ao licenciamento.
A empresa conta com dezenas de requerimentos na região, 11 dos quais interferem
em Terras Indígenas - todos para pesquisa de minério de ouro. As duas terras
indígenas sobrepostas aos pedidos são Arara da Volta Grande do Xingu e Trincheira
Bacajá com, respectivamente, 7 e 4 requerimentos. Não há registro de pedidos de
desistência desses requerimentos.