65 requerimentos ativos no sistema da Agência Nacional de Mineração com sobreposições em 11 Terras Indígenas, ameaçando 6 povos, como os Munduruku e os Rikbaktsa.
As denúncias contra violações de direitos causados pela britânica
Anglo American são variadas, e acontecem da Zâmbia ao Brasil.
Dentre os principais impactos das atividades da empresa está a
interrupção do acesso à água nas comunidades afetadas por suas
operações. Seu principal projeto no Brasil, chamado Minas-Rio,
inclui um mineroduto de 525 quilômetros que utiliza enormes
volumes de água para transportar o minério de ferro. Os efeitos
da operação da Anglo nessa região são sentidos mesmo a uma grande
distância. As comunidades locais relatam a crescente escassez de água,
com a contaminação de cursos d'água e a destruição de nascentes.
Os Pataxó da Terra Indígena Fazenda Guarani relatam o secamento de
nascentes desde que a empresa começou suas operações.
Principalmente a partir de 2018, a empresa demonstrou interesse em
expandir suas operações para a Amazônia. O interesse da Anglo American
em minerar em terras indígenas no Pará poderia resultar em mais
destruição, desta vez, impactando o povo Munduruku. O relatório
Cumplicidade na Destruição III registrou a extensão dos pedidos da
Anglo na ANM para pesquisar minérios nesses territórios. A partir
da divulgação desses dados, no final do ano de 2020 foi iniciada
uma campanha da Apib em conjunto com a Amazon Watch e com os Munduruku,
pressionando para que a Anglo American desistisse de todos os requerimentos
que possuía em terras indígenas no Brasil. Como resultado da campanha,
em julho de 2021,
a Anglo American se comprometeu formalmente em retirar
da ANM 27 requerimentos aprovados para a pesquisa de cobre em territórios
indígenas.
Desde abril de 2020, 25 requerimentos da Anglo foram cancelados nas Terras
Indígenas Kayapó, Sawré Muybu e Badjonkore, ocupadas pelos povos Munduruku
e Kayapó. Em pelo menos 29 requerimentos a empresa pediu desistência de
prosseguir com os processos minerários. Esses pedidos ainda seguem ativos
no sistema e aguardam posicionamento da ANM. Em novembro de 2021, a Anglo
American ainda tinha 65 requerimentos minerários ativos na Agência Nacional
de Mineração com sobreposições em 11 Terras Indígenas, ameaçando seis povos.